A cada dia eu acredito mais no que a Amanda Palmer fala sobre você pagar/ajudar aquilo que gosta e apoia. Quando li esse livro, foi através de um epub, mas a história foi tão perfeita, tão encantadora para mim que na primeira oportunidade que tive, comprei.
Esse é um dos livros infantojuvenis do Gaiman, e como alguém que já leu algumas das suas outras obras posso dizer que, não deixa nada a desejar. Na verdade, é um dos meus preferidos ao lado d'O livro do cemitério. A premissa aqui é simples:
A mãe vai viajar para conferência, apresentar um artigo que havia escrito sobre lagartos, e deixa os filhos sob os cuidados do pai, com todas as recomendações anotadas, as refeições preparadas e congeladas, a agenda com os compromissos organizada e os telefones para emergências. Eis que eles não contavam com uma coisa, o leite acaba.
Só tinha suco de laranja na geladeira. E mais nada que desse para botar no cereal. A não ser que você ache que ketchup ou maionese ou molho de picles fiquem gostosos no seu cereal, o que eu não acho, e a minha irmãzinha também não, apesar de ela já ter comido umas coisas muito estranhas, tipo cogumelo com chocolate.*
É… nada de leite. As crianças iriam comer seu cereal com o que, afinal?! Suco de laranja? Claro que não. Então para poder garantir o café da manhã dos filhos, o pai sai para comprar leite. E ele demora. Muito! Muito mesmo. Quando retorna, os filhos questionam o porquê de tamanha demora, e prontamente ele começa a contar tudo que aconteceu com ele, e com o leite, que comprou, mas, que não conseguia levar para o café da manhã dos filhos. E é essa história com piratas, alienígenas, viagem no tempo, vampiros e um estegossauro (ah sim!, e pôneis!) que o Neil vai nos contar.
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as crianças cansadas de esperar o pai. |
Toda vez que a gente pensa que finalmente o leite vai chegar até os filhos, uma nova reviravolta acontece, e nem as crianças e a gente tem certeza se tudo aquilo realmente aconteceu ou se o pai tá tenta disfarçar que encontrou algum conhecido na rua e perdeu a hora conversando. Cadê leitor terá de tirar as próprias conclusões.
- Então, prepare-se para morrer!
Ande na prancha!
Fui até o fim da prancha. Tubarões circulavam. E piranhas também...
E foi aqui que eu interrompi meu pai pela primeira vez.
- Peraí - falei. - Piranhas são peixes de água doce. O que elas estavam fazendo no mar?
- Você tem razão - Admitiu meu pai. - As piranhas apareceram mais tarde.
Certo. Então...
É hilário ver que diferente da gente, leitor, as crianças não acreditam tão facilmente no pai, nenhum detalhe passa despercebido, e assim como qualquer criança, eles não serão convencidos sem provas, então o autor, e o pai, enchem o livro de conceitos científicos que explicam a possibilidade da viagem no tempo, a forma com que o mundo acabaria sendo destruído se dois elementos iguais de tempos diferentes entrassem em contato um com o outro, além de trazer vários elementos que comprovam a veracidade da aventura. Tudo com uma linguagem fácil e divertida.
– Isso soa incrivelmente específico – comentei.
– Eu sei. Mas é ciência.
O final me fez rir compulsivamente no meio de um shopping, e na minha segunda leitura, a reação não foi diferente, pelo menos dessa vez eu estava em casa.
A edição brasileira da Rocco Jovens Leitores é baseada na versão norte-americana e traz as ilustrações de Skottie Young, que achei ser um complemento perfeito para o texto, pois são de uma comicidade exageradíssima e um tanto estranha.
— Por onde você andou esse tempo todo? — perguntou minha irmã.
— Ah! — respondeu meu pai. — Hum… então… engraçado você perguntar isso.
Ficha Técnica
Tradutor: Edmo Suassuna
Editora: Rocco Jovens Leitores
Páginas: 180
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[Resenha] Felizmente, o leite, de Neil Gaiman e Skottie Young
Reviewed by Taiany Araujo
on
outubro 19, 2019
Rating:
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