Nessa última quinta-feira, 27, estreou nos cinemas a adaptação de Daniel Rezende da Graphic Novel "Turma da Mônica - Laços", criação de Vitor e Lu Caffagi.
Se você viu o desenvolver dos personagens, se apaixonou, se encantou e se irritou com eles, enfim, se você cresceu com a Turma da Mônica, então entende a importância dessa história, ainda tão relevante, ganhar esse espaço no cinema nacional (digno de prêmios e reconhecimento internacionais, por sinal).
As expectativas eram altas desde o anúncio da produção do filme, mas admito a surpresa com a maneira a qual fiquei ao terminar de assistir ao longa. Não esperava nenhum pouco o choro de admiração me atingir depois de várias vezes me emocionando durante a produção, nem os sussurros incrédulos de "minha infância ganhou vida, eu não acredito que tô vivendo isso".
Essa sensação não foi à toa, a história tem toda uma construção muito natural (a qual o diretor explicou para o G1 ser devido a uma técnica de "dar menos falas para serem decoradas"), entretanto cuidadosa e bem encaixada, com direção de arte espetacular, trilha sonora arrepiante e atores magníficos, os quais, tirando Kevin Vechiatto (o Cebolinha), que já trabalhou na novela "Cúmplices de um Resgate", todos (Giulia Benite, a Mônica, Gabriel Moreira, o Cascão, e Laura Rauseo, a Magali) fizeram sua estreia com esse filme.
E o porquê dessa afirmação? Porque eles são iguais o Robert Downey Jr. com Tony Stark no Universo Cinematográfico da Marvel: eles são a escolha certa. Eles são a personificação dos personagens que tanto amamos. O mesmo pode ser dito sobre os pais e demais personagens que compõem o universo dessa turminha. Não é possível imaginar outras pessoas sendo o Seu Cebola (Paulo Vilhena), Dona Cebola (Fafá Rennó), Dona Luiza (Monica Iozzi), Louco (Rodrigo Santoro), etc.
O trabalho feito com todos esses atores no figurino também foi muito importante para a vida dos personagens nascer nas telonas. Isso fica muito evidente em como, apesar de simples, a delicadeza nos detalhes e beleza do resultado final demonstram uma dedicação ao tornar tudo o que víamos ainda mais fiel ao que líamos, coexistindo de maneira incrível e muito bem orquestrada com as cores que os coloristas adicionaram e retiraram.
Por sinal, algo claramente perceptível nesse filme foi a variação do uso de tons de amarelo, senão laranja, fosse para sinalizar atenção, para indicar alguma coisa ou alguém, fosse pra emoldurar a cena, indicar uma sensação, entre tantas outras, o que mais impressiona é como utilizaram dessa cor para contextualizar o que era preciso. Não era uso da cor só por significado, mas para dar contexto à diversas situações que ali ocorriam.
Essa construção nos leva a falar sobre a necessidade, que deveria ser de todos nós como uma nação, desse filme ser reconhecido lá fora e ganhar prêmios, ganhar presença e ficar popular para dar ainda mais poder para não só à si mesmo, mas também à toda a cultura de filmes brasileiros. Isso porque nesse momento, "Turma da Mônica - Laços" está em cartaz enquanto "Toy Story 4" também está e "Homem Aranha: Longe de Casa" e "Rei Leão" estão prestes a chegar ao país, o que pode afetar demais o desempenho dessa obra magnífica e que, possivelmente, poderia chegar a ter uma continuação (os atores já se disponibilizaram e disseram querer, mas pra isso também acontecer, os números precisam ser melhores que satisfatórios).
A cultura brasileira no cinema é algo único de se assistir, especial, singular e marcante demais para a gente não dar bola, e infelizmente o brasileiro não aprecia nem uma vírgula do que é produzido dentro de seu país, e com a chegada desse filme é impossível não matutar sobre isso porque, se vocês ainda não sabiam, o terceiro filme da trilogia de "De Pernas pro Ar", com Ingrid Guimarães e outros nomes imensamente marcantes da história cinematográfica do Brasil, enfrentou diversos problemas de bilheteria devido substituições por filmes internacionais. E nosso maior medo, como admiradores de cinema, deveria ser o de as pessoas não correrem para ver esse filme, justamente porque isso prejudicaria não só toda a equipe do filme e a chance de mudar, de uma vez por todas, a percepção do brasileiro sobre o que é produzido em seu país, mas também o futuro da turminha nos cinemas.
Enfim, é uma produção incrível, uma a qual o próprio Maurício chorou após assistir, de histórias de uma turminha que evoluiu muito pra chegar onde está e que com essa construção tão cuidadosa que nos faz adentrar ainda mais na história e sentir o que sentíamos quando líamos esses quadrinhos, o que sentimos ao deitar na cama e abrir mais uma vez essas histórias, não deveria ser passada em branco, mas sim celebrada e divulgada.
Crítica: Turma da Mônica - Laços, de Daniel Rezende
Reviewed by Jota Albuquerque
on
junho 29, 2019
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